Laboratório da Consciência com Eneagrama

Laboratório da Consciência com Eneagrama

Existe um Laboratório dentro de nós, onde se processa verdadeira Alquimia que desde sempre os sábios procuram. O Eneagrama ajuda a dar nome a essas substâncias humanas e divinas que nesse Laboratório interior se misturam e reagem, transformando chumbo em ouro ou ouro em chumbo. Entender experimentando, vivenciar sendo expectador atento… às reações e transformações que acontecem neste Laboratório que somos, é a riqueza que este exercício terapêutico nos proporciona de forma profunda, encantadora e envolvente.

Existe um palco dentro de nós. E existem atores nesse palco, o tempo todo. Esse palco situa-se no submundo do nosso interior e nesse porão escuro acontecem tragédias e comédias, dramalhões e enredos épicos… à margem da nossa consciência, sem estreias anunciadas. Dizia Jung que enquanto não tomarmos consciência daquilo que acontece no nosso Inconsciente, ele continuará ditando a nossa vida e nós continuaremos chamando isso de sorte ou azar.

Surpresas acontecem, luzes se acendem e a Consciência se levanta e cresce, quando descemos aos nossos porões interiores e nos tornamos espectadores atentos do nosso Teatro Interior. Transformação começa quando nos familiarizamos com os Atores que nos habitam. Libertação se faz verdade, quando nos tornamos Diretores desses Teatros Internos e podemos mudar Roteiros, em vez de repetir eternamente papéis decorados na infância e cenas mecânicas que nem fazem mais sentido.

O ENEAGRAMA nos dá um bom manual para entender e interpretar esses roteiros dos Teatros interiores e nos ajuda a dar nome e conhecer de perto os Atores que nos habitam. Conhecemos o nome dos elementos que reagem e geram em nós transformações alquímicas.

As CONSTELAÇÕES, na tradição de Bert Hellinger e seus seguidores, nos permitem entender e ver na prática a influência dos Campos Mórficos, que torna possível a tomada de consciência, ao podermos visualizar na nossa frente, de forma clara e luminosa, aquilo que acontece no obscuro do nosso Inconsciente. Daqui recebemos o clima e o contexto onde a alquimia acontece.

E, quando juntamos estas duas tradições profundas e muito completas, que nos permitem contemplar o mistério da Alma Humana, nasce um caminho novo, um mapa seguro no rumo da Essência, fruto desse casamento. Estamos chamando a esse filho LABORATÓRIO da CONSCIÊNCIA com ENEAGRAMA. É um Teatro da Verdade, porque coloca em cena, no Campo criado na nossa frente, aquilo que acontece obscuramente no palco do nosso Inconsciente. É um Laboratório, porque nos permite perceber como se encontram e reagem entre si as várias energias que nos habitam. Da Consciência, porque traz à clara luminosidade o obscuro mistério que somos e abre na nossa frente caminhos novos e trilhas libertadoras.

Em fevereiro de 2017, no Encontro Anual do Instituto Eneagrama Shalom, tivemos a orientação de Dagmar Ramos, num Seminário sobre Constelações Familiares, quando ela nos apresentou seu trabalho intitulado “Constelação do Eu”.

Naquele instante percebemos o campo luminoso do encontro possível entre estas duas tradições, O Eneagrama e a Constelação Sistêmica. Uma intuição que surgiu e foi experimentada, pela primeira vez, naquele Encontro. E esse namoro deu casamento e do encantamento mútuo nasceu um filho lindo: LABORATÓRIO da CONSCIÊNCIA com ENEAGRAMA.

Foi numa noite, porque a noite sempre inspira e faz sonhar. E no entusiasmo e no sonho que nessa noite se encontraram, Dagmar e eu, acolhemos esta intuição. No dia seguinte a colocamos em prática no grupo, ela facilitando e eu vivenciando. E assim nascia um caminho novo, unindo Eneagrama e Constelação, que tem levado a Consciência muito além do melhor que poderíamos imaginar, numa fase de experiência, em construção permanente.

Como água, que tem a ver com oxigênio e também com hidrogênio, mas é diferente dos dois elementos, o Laboratório da Consciência com Eneagrama tem a ver com Eneagrama e tem a ver também com Constelação… mas é diferente dos pais e tem vida própria e caminho livre, embora sempre pressuponha os dois, como origem, e deva honrar seus ancestrais para ser fiel a si mesmo.

 

Os ATORES ou ELEMENTOS DA ALQUIMIA

O Eneagrama, como mapa e itinerário interior, nos ajuda a dar nome àquilo que nos habita e somos.

Somos Essência, antes de tudo e no melhor de nós mesmos. A Essência nos foi dada de forma gratuita, abundante e incondicional. De origem Divina ou Transcendente, ela é em nós o reflexo do Sagrado, a centelha do Uno, a manifestação do Deus Invisível no espelho visível que somos para nós mesmos e para os outros. É aquilo que nós somos de verdade, a natureza da nossa natureza, o que somos antes de ser aquilo que a Vida nos fez parecer ser para sobreviver. A Essência é a Presença do Eu Superior em nós. Jung chama de Self, as tradições religiosas chamam de Graça ou Luz Divina, a vertente judaico-cristã diz que somos Imagem e Semelhança de Deus e Rumi condensa a sabedoria sufi quando diz pensavas que eras pó e agora começas a descobrir que és Sopro. O Profeta Jeremias falava em nome de Deus: antes que te formasses no ventre materno, eu te conheço e te consagrei. O conhecer bíblico tem a ver com contemplar a verdade e a expressão “consagrei” sinaliza que uma missão foi dada.

Mas também existe em nós um Ator que chamamos Criança Ferida. A nossa Criança Interior é simbologia fértil da Criança Sagrada – a Imago Dei que nos habita, mas também da Criança Ferida que se desconectou da Essência, no contato com a condição de limite, ao perceber-se desligada do Uno, esquecendo sua identidade e adotando como verdade para si mesma uma projeção mental. Criança Ferida nos remete simbolicamente às experiências de traumas emocionais vividas e internalizadas na infância. Somos seres faltantes e, como tal, mais cedo ou mais tarde, nos deparamos com falta daquele Amor Absoluto, daquela Segurança e Proteção Total ou daquela Valorização e Reconhecimento incondicional. A experiência da carência de Amor, de Desproteção e Segurança, de Insignificância e Desvalor nos feriu na nossa Essência Sagrada. E não sabendo lidar com ela, aparece em cena nesse palco da infância, aquilo que chamamos de Personalidade, como uma série de mecanismos de proteção e sobrevivência.

Este terceiro Ator, que chamamos de Personalidade, já estava lá, incluso no pacote da nossa existência, como predisposição, assim como o air bag do carro já vem de fábrica e aparece quando um acidente o torna necessário. Personalidade vem de Personna, que significa máscara. A máscara que o Ator usava no teatro antigo, para que os espectadores vissem nele alguém diferente do que ele era de verdade. Máscara é: faz de conta que eu sou assim e me aceita assim. Máscara é recurso de sobrevivência. Personalidade é a loucura que inventamos para sobreviver – diz Cláudio Naranjo. Ela foi necessária, mas não deixa de ser uma loucura. Ela nos protegeu, escondeu de nós mesmos as feridas emocionais e nos deu a sensação ilusória de sermos aceitos pelos outros… mas ela também escondeu a nossa Essência e a impediu de brilhar e se expandir. Fernando Pessoa dizia: fiz de mim o que não soube e o que podia fazer de mim não o fiz. Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me. Quando quis tirar a máscara, estava pegada à cara.  Se a Essência nos foi dada gratuitamente, a Personalidade, que também já existia em nós como predisposição, aflorou pelas circunstâncias da vida e foi desenvolvida por nós, de forma inconsciente. Para nos proteger, ela assumiu o controle da nossa vida e acabou nos dominando e nós, por medo de sermos livres, acabamos sentindo orgulho de sermos escravos – como lembrava Rubem Alves. A Personalidade é aquilo que demos conta de ser, para sobreviver. Precisamos dela, lá na infância e precisamos ainda, de vez em quando, na vida adulta. Mas não somos a nossa Personalidade. Somos sim o poder que a estruturou e que também é capaz de flexibilizá-la. Reconhece-te como imagem de Deus e envergonha-te por a teres recoberto com uma imagem estranha. Lembra-te de tua nobreza para que mais ainda te angusties por tua fealdade – dizia Bernardo de Claraval.

Consciência, Eu Consciente, Eu Observador, o Nous dos Gregos, são nomes que podemos dar ao quarto Ator que nos habita. Se a Essência nos foi dada gratuitamente e se a Personalidade foi desenvolvida por nós de modo Inconsciente, a Consciência é responsabilidade inalienável que urge assumirmos. Ela habita aquele espaço de nós mesmos a partir de onde podemos nos observar, ser testemunhas de nós mesmos, com neutralidade e liberdade, sem os condicionamentos e as cegueiras da Personalidade. Inácio de Loyola chama isso de Indiferença, não como deixar pra lá, mas como um estado de liberdade interior que me permite fazer escolhas conscientes, sem apegos. Viemos de Deus e para Ele voltamos. No início desta jornada autônoma de individuação, a Personalidade emergiu para nos proteger… mas acabou abafando a Essência e nos limitando. Se, ao voltar a Deus apenas chegarmos assim, voltaremos piores do que saímos, pois a Personalidade diminuiu e distorceu a Essência. Esta jornada nos concede a oportunidade de cultivar a Consciência, fazendo valer a pena o caminho e potencializando o que somos, recordando o que somos na Essência como o melhor de nós mesmos e a essa riqueza divina que carregamos, juntando o melhor da Personalidade, como habilidades que a vida nos ensinou e nós desenvolvemos com excelência. Consciência se cultiva pela observação de si mesmo, a partir de um ponto neutro, distanciado e livre. A Meditação é, com certeza experimentada, O Caminho privilegiado que nos leva a esse lugar de nós mesmos e onde nos vemos do jeito que somos ao ver com a clara e luminosa razão, aquilo que acontece nos nossos palcos interiores, onde antes aconteciam teatros clandestinos no subúrbio da nossa obscuridade.

Damos agora nome a mais três atores importantes: Os Instintos. São atores primeiros nesses palcos. Eles carregam memórias evolutivas de nossos ancestrais, como energias que ao longo da evolução condensaram os aprendizados pela sobrevivência. São imperativos biológicos, de energia intensa e vozes que não se calam nem se submetem aos ditames da razão ou das emoções.  Carregam o aprendizado de todos os seres vivos ao longo dos milênios, para garantir a sobrevivência na dimensão física (Instinto de Autopreservação), na dimensão de integração e convivência na sociedade (Instinto Social) e na dimensão da realização de intimidade, nas conexões Um a Um (Instinto Sexual). Como relógios biológicos infalíveis, eles tocam para nos alertar, quando alguma dessas áreas de sobrevivência está em risco. Também de graça os recebemos como herança de nossos ancestrais… mas também eles foram distorcidos na nossa infância, por experiências traumáticas que os ameaçaram, por falta ou por risco maior de sobrevivência.

E assim, um deles se tornou exageradamente mais forte e por isso o chamamos de Dominante, como aquele despertador que endoidou e toca o tempo todo, mesmo quando não é necessário.  É o nosso quinto Ator nesse Teatro.

Tem um outro, o nosso sexto Ator, que foi ameaçado e ficou bloqueado, tonando-se mais baixo na hierarquia, sem que sua energia se expresse livremente. A esse chamamos Instinto Reprimido ou Menos Desenvolvido.  É aquele despertador que raramente toca ou toca tão baixinho que nem o ouvimos ou é sobreposto pelo barulho alto do Dominante.

E tem um sétimo Ator – o terceiro Instinto, que chamamos de Normal, porque, esse sim, funciona dentro da normalidade a que se destina. É o despertador que toca na hora certa, quando precisa, por haver ameaça real a essa área de sobrevivência e nos dá energia necessária e suficiente, na dose certa e equilibrada, para responder à situação concreta e apenas enquanto isso urge.

Assim damos nome aos Atores, como as energias que se movem dentro de nós e que o Laboratório da Consciência com Eneagrama expõe à nossa plena vista.

O TEATRO ou ALQUIMIA

Seguindo a tradição das Constelações, a pessoa, em contato consigo mesma num estado de Presença e em clima meditativo, olha as pessoas presentes e, escutando sua intuição, a partir, sobretudo, das sensações físicas, escolhe os representantes para os seus Atores Internos, um por um, dando nome a cada um. Criado o Campo Mórfico, a partir da conexão de todos e de tudo em volta, está montado o Palco real do nosso Teatro da Verdade.  De uma forma ou de outra somos partes de uma só mente que tudo engloba, um único ‘grande Homem’ – como dizia Jung, explicando o Inconsciente Coletivo.

Escolhidos os Representantes, ou melhor dizendo, depois que a pessoa se deixa escolher pelos Representantes de seus Atores ou Eus Internos, é constituída a cena, pela pessoa representada, que dispõe cada Representante, no espaço livre à sua frente, conforme sua intuição sugere, de acordo com os movimentos que seu corpo impulsiona.

Depois, a pessoa se senta e assume seu lugar de observador, testemunha o que vai acontecer e se deixa interpelar por isso, atenta às sensações físicas e aos movimentos emocionais.

E entra agora a figura do Facilitador do Laboratório da Consciência, que ajuda os Representantes a seguirem o movimento que o corpo lhes inspira e os convida a explicitarem o que os move. O Facilitador é aquele que cria condições para que o Laboratório da Consciência aconteça, sem interferências de nada e de ninguém, Fiel apenas àquilo que o Inconsciente permitir se revelar. Nesse papel, o Facilitador sustenta o Campo e pontua movimentos e expressões corporais, sensações físicas explicitadas pelos Representantes e emoções por eles expressas. O Facilitador não é o sujeito do processo nem o centro. Quanto menos ele interferir no Laboratório da Consciência, mais garantia teremos da manifestação livre do Inconsciente que ali se torna visível e inteligível.

A pessoa representada poderá ou não entrar na cena, ao final, numa dinâmica intuida pelo facilitador.

A vivência termina quando todos os Representantes se sentirem, todos e cada um, confortáveis em seu lugar… ou quando, mesmo sem isso ocorrer, nenhum movimento a mais é intuído e sugerido pelo corpo de cada Ator.

No final, pode ser oportuno e conveniente conversar com a pessoa Representada, pontuando aspectos relevantes e ajudando, sobretudo, a santificar trilhas abertas para o crescimento.

Algumas CONSTATAÇÕES

Cada Laboratório da Consciência com Eneagrama é uma vivência única. Cada experiência é expressão daquilo que cada pessoa se permite vivenciar, porque o inconsciente só revela aquilo que estamos preparados para acolher. Em cada experiência, Representantes e o grupo em geral são tocados e impactados, cada um a seu modo, mas sempre com possibilidade de experiências fortes e significativas.

No entanto, algumas variáveis são constatadas, com presença sistemática e forte em todas as experiências realizadas. É na leitura dessas constantes que se abrem claros caminhos de compreensão da interioridade humana, confirmando e ampliando aquilo que a Tradição do Eneagrama nos ensina.

1. O papel determinante dos Instintos na trama do comportamento e no caminho de crescimento, transformação e libertação do Ser Humano. O desequilíbrio dos Instintos age na trama inconsciente com uma força bruta avassaladora e quase incontrolável.

2. A Criança Ferida tem um lugar especial neste Laboratório da Consciência e a necessidade de cuidar dela é determinante e inegociável. Não tem como ignorar ou pular esta fogueira.  Nela reside o nó que nos desconectou da Essência e bloqueia nosso acesso a ela. Enquanto não nos reconciliarmos com ela e dela cuidarmos, será em vão e inglório qualquer esforço de ir mais além.

3. A Essência sempre está lá, como presença leve, suave e silenciosa. Sempre fica claro que nela reside a força, a energia vital, a fonte original e capaz de originar harmonia nos palcos internos. Mas, é sempre muito claro também que ela só age quando lhe dão espaço. Ela não força a barra, não se impõe nunca. Está lá, disponível, atenta e generosa, disposta a agir quando é reconhecida, honrada e acolhida, convidada a assumir seu papel central. A espiritualidade nos diz que Deus é assim, sempre está, como presença amorosa, silenciosa e misteriosa… mas que não age sem o nosso consentimento, no respeito pela liberdade fundamental com que nos dotou. Mas, quando as condições são favoráveis, a Essência manifesta toda a sua beleza e benção, como fio que perpassa, une e harmoniza as contas do colar que os vários Eus Internos significam.

4. A Personalidade sempre assume o comando das cenas, às vezes dividido em conluio com o Instinto Dominante. Fica evidente o estrago que a força sempre faz. E fica claro também que a evolução só acontece, a superação dos padrões repetitivos só é possível e a harmonização só começa, quando a Personalidade se resigna ao seu lugar, aceitando perder força e deixando de ser o centro da cena, ao reverenciar o papel da Essência.

5. O Instinto Dominante, como já dissemos muitas vezes, como parceiro da Personalidade, assume sempre um papel de vilão nesse Teatro, fazendo estrago pelo desequilíbrio que gera. Reforça a Personalidade e impede a Essência de emergir. E enquanto ele não cansar ou não se remeter ao seu lugar de normalidade, abrindo mãos da posição que tanto preza na hierarquia dos Instintos, nada de novo vai acontecer.

6. O Instinto Normal aparece geralmente como mediador e como apoio, ora para a Personalidade, ora para os outros Instintos, ou até para a Essência e para a Criança Ferida.

7. O Instinto Reprimido ou Menos Desenvolvido revela-se sempre como o Salvador da Pátria. Querendo agir, mas sem força suficiente para agir ou sem espaço para entrar em cena, ele sofre e permanece na espera de ser visto, honrado e acolhido ou convidado. E é ele, sempre ele e através dele, que a cena sai dos roteiros repetitivos de ciclos viciados e começa a evoluir para horizontes onde a harmonia acontece. Aqui se revela e fica constatado o papel fundamental que o Instinto Reprimido tem no processo de transformação pessoal.

8. A Consciência… bem, ela assume valor diferente em cada Laboratório, conforme cada pessoa representava. Quando forte, ela tem lugar importante e assume papel significativo na evolução e no quesito harmonia. Mas quando frágil, ela é facilmente subjugada pela Personalidade ou até com ela se confunde.

9. Talvez a mais linda e profunda constatação que o Laboratório da Consciência nos traz é a evidência da Lei do Um. Somos todos Um e todos em nos é Um. Se a força real e visível do Campo Mórfico nos mostra que somos todos Um, o Laboratório nos comprova a necessidade de unificar tudo em nós, acolhendo cada Eu Interior, dando a cada um o seu lugar devido e papel oportuno, sem nada excluir, numa democracia interna de diálogo e respeito pela diferença, onde há lugar para todos e onde cada um é importante para o Todo.

10.  Somos movimento e a natureza da nossa natureza é fluir. Estagnação é morte, nos mecanismos repetitivos que nos condenam a ciclos viciosos. E quando a energia dos vários Eus enfim liberta pode fluir, na quantidade certa e na intensidade própria, a comunhão e a harmonia chancelam a leveza e a beleza sagradas da Vida. Somos filhos das crianças que fomos, mas sempre podemos fazer algo novo com aquilo que a vida fez de nós. Nunca é tarde para termos uma infância feliz!

11.  Para cada pessoa, se abrem muito claras trilhas de crescimento, passos concretos a serem dados neste processo de crescimento e transformação pessoal. Uma vivência profunda de Autoconhecimento, porque a pessoa se vê do jeito que é, como num espelho, sendo testemunha de si mesma no mais profundo de seu ser. Um exercício vivencial de crescimento, porque os caminhos óbvios clareiam na nossa frente.

12.  Laboratório da Consciência com Eneagrama e as Leis das Constelações de Bert Hellinger: essa vivência nos mostra de modo bem claro a importância das Leis que regem as Constelações Sistêmicas e como elas se manifestam neste Sistema que nós somos. Quando desrespeitamos essas Leis, geramos fatores de adoecimento no sistema que somos e a partir de nós, nos sistemas dos quais fazemos parte. O equilíbrio saudável do sistema pressupõe o acolhimento e o fluir de acordo com as Leis.

12.1.  A Lei da Hierarquia: quem veio primeiro tem um lugar de referência que merece reverência. A Essência tem, no Laboratório da Consciência, esse lugar primeiro. Ela é a fonte e a origem e dela emana a energia divina que sustenta e equilibra o nosso sistema interior. Como falamos, geralmente a Essência assume uma presença serena e suave, disponível e atenta, sempre pronta para agir, quando se abre espaço para ela. E aí, ela se revela como verdadeira fonte de harmonia e equilíbrio. Isso acontece, na prática, quando a Personalidade e o Instinto Dominante se rendem, baixam a cabeça e reverenciam o lugar primeiro da Essência.

12.2. A Lei do Pertencer: todos têm direito de pertencer, todos têm o seu lugar, há lugar para todos, sem ninguém ser excluído. Cada Eu Interior tem o seu papel e sua função dentro do sistema que somos. Normalmente, o Laboratório da Consciência nos mostra elementos excluídos, frequentemente o Instinto Reprimido e a Criança Ferida. E enquanto estes Eus excluídos não forem reintegrados ao sistema e nele encontrarem seu lugar, o desequilíbrio permanece e o sofrimento é explícito. Por outro lado, quando a inclusão acontece, o processo de reorganização e harmonização começa a fluir.

12.3. A Lei do Dar e Receber: equilíbrio no tomar e no doar. Quem doa mais, fica em dívida para consigo mesmo e se torna orgulhoso. No Laborartório da Consciência, normalmente a Personalidade e o Instinto Dominante doam demais e nada recebem… e por isso se sentem orgulhosos e merecedores do controle… embora depois se confessem sobrecarregados e até muitas vezes exaustos. Quando cada Eu Interior encontra seu equilíbrio no dar e receber, tudo se harmoniza… A Essência dá a todos a energia primordial, vital e sagrada e de todos recebe proteção. A Personalidade e os Instintos protegem a Essência e lhe dão condições de se manifestar no mundo do limite. A Criança Ferida é a consciência presente e permanente da vulnerabilidade, recebe acolhida e apoio de todos e a todos mantém com os pés no chão. A Consciência a todos respeita e observa, de todos se alimenta e a todos integra.

 

Dizia Gurdjieff: eu explico que quando chove o chão fica molhado.  É isso que o Laboratório da Consciência com Eneagrama nos mostra, ensinando o óbvio que nos recusamos a enxergar, aquilo que está oculto à plena vista, mas que nossas cegueiras teimam em esconder.

Sabemos disso e a teoria nos confirma e o racional entende e explica… mas, nada como ver tudo isso, ao vivo e a cores, com emoções fortes e sensações físicas inegáveis – porque a mente, mente… mas o corpo não mente!

O Laboratório da Consciência com Eneagrama nos permite esta viagem fascinante pelos labirintos do nosso Interior… e descortina a nossos olhos novos horizontes.

E, se você perguntar por um meio de estudar, entender e vivenciar Eneagrama… este é o mais profundo, claro e completo… que eu encontrei até agora.

 

     Domingos Cunha

 

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Registrado no Cartório Pergentino Maia – 1º Registro de Títulos e Documentos nº 553154
Data da Publicação 12/07/2019
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